segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Epopéia Egípcia - Afinal, o que está acontecendo?

Tudo começou na Tunísia, com a Revolução Jasmim. Por meio de protestos, a população tunisiana conseguiu levar o presidente Ben Ali a uma fuga do país, depois que o próprio exército aderiu ao movimento, o que desencadeou uma série de manifestações do gênero por países da África e do Oriente Médio: Mauritânia, Argélia, Egito, Sudão, Jordânia, Iêmen e Omã. (E você nunca ouviu falar no tal Omã!)

O que mais tem aparecido na mídia são os protestos no Egito, país governado pelo mesmo presidente há 30 anos, apesar de isso não ser uma exclusividade egípcia: na Tunísia, Ben Ali permaneceu por 23 anos no governo. No Sudão, Omar al-Bashir está há 21 anos no poder e, na Líbia, Muammar Gaddafi está há 41 anos metendo o terror no governo.

Depois da queda de Ben Ali, os egípcios acabaram por manifestar sua indignação contra o governo de Hosni Mubarak, presidente egípcio. Com o auxílio de redes sociais como o Twitter e o Orkut, os manifestantes se organizaram tão fortemente, que o ilustríssimo governante cortou a internet do país. Gente fina ele.

O líder da oposição e Prêmio Nobel da Paz, Mohamed El-Baradei chegou a ser preso. Só foi libertado por quê? Repercussão internacional com conseqüente pressão.
Obviamente, os EUA não poderiam deixar de ser citados.

"O Egito é o quarto país que mais recebe recursos dos EUA – R$ 2,5 bilhões (US$ 1,5 bilhão) por ano. Mubarak tem sido um aliado histórico dos americanos, que temem que o fim do regime abra caminho para que a Irmandade Muçulmana assuma o poder."

E agora, Obama?

Barak Obama, depois de muita pressão externa, pediu para que Mubarak parasse de dar alok voltasse atrás em medidas absurdas como soltar os presos para que saqueassem as casas do país (uma medida revoltante para provocar o pânico nos manifestantes e pressioná-los) e reconsiderasse as medidas autoritárias, porque, convenhamos, não ia ficar bem pra imagem do Primeiro Presidente Negro dos EUA dar apoio a um ditador. Quer dizer, se fosse anos atrás, sem a internet e a democratização do acesso à informação... Mas não é o caso, então o ilustre morador da Casa Branca pediu que o colega iniciasse uma “transição ordenada e pacífica em direção a um governo sensível às aspirações do povo egípcio, incluindo a credibilidade, assim como as negociações entre o governo e a oposição".

Boa Obama, mas ninguém quer que a Irmandade Muçulmana assuma o poder, né? Por isso demorou tanto para intervir?

No Sudão, as declarações de Al-Bashir sobre a independência do sul do país parecem favoráveis, pelo menos à primeira vista: "Nós anunciaremos hoje, diante do mundo, que aceitamos o resultado e respeitamos a escolha do povo do sul sudanês. O resultado do referendo é bem conhecido. O sul do Sudão escolheu a secessão. Mas nós estamos comprometidos com os vínculos entre o norte e o sul, e estamos comprometidos com boas relações, baseadas na cooperação".

Enquanto isso, Mubarak tenta permanecer no governo, prolongando seu modesto mandato ao máximo por meio de medidas paliativas. O governo do Egito decidiu hoje conceder um aumento de 15% nos salários e pensões de funcionários públicos, uma clara tentativa de acalmar os ânimos e aumentar o número de manifestantes a favor de seu governo (esperamos que não surta efeito) que, como sempre acontece nesses casos, entraram em confronto com os opositores.

Não vejo outro caminho possível ao Egito que não seja a renúncia do presidente Mubarak. Me parece ilógico que ainda haja governos ditatoriais ao redor do mundo, mas seria ilusão crer que todo o planeta vive (ou mesmo que poderia viver) na mais linda democracia. Não sei quanto a vocês. Mas ao que me parece, a onda de protestos no Egito está longe do fim.

Saiba mais em:
http://noticias.r7.com/internacional/fotos/grito-de-liberdade-a-revolta-no-mundo-arabe-20110129-20.html#fotos
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/afinal-o-que-esta-acontecendo-no-egito-20110203.html
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,mubarak-aumenta-salario-de-funcionarios-publicos,676295,0.htm
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Certo. Meu primeiro post – tirando o do Zé. Que desastre.
Muito bem. Espero que meu post “informal” não tenha sido muito mal visto. Perdoem a falta de erudição.
Uma questão que tem sido levantada por aí é: será que se isso fosse no Brasil, “geral” ia pras ruas?
Não lembram da Ditadura não? “Até” em Florianópolis tivemos manifestações expressivas!
Creio que o protesto – principalmente o ativista – é uma maneira de dar um grito – bem forte – contra uma repressão. Quando temos a liberdade que temos no Brasil de expressar nossa indignação contra o governo, protestos violentos acabam parecendo exagero e dão margem a críticas violentas e manipulação midiática.
Acredito bem mais em acordos que em confrontos nas ruas. Apesar de eles se tornarem necessários por vezes, quando muito repetitivos tornam-se banais e sem sentido.
Só um comentário pós-post pra (tentar) abrir uma discussão.
Joguem pedras à vontade.

12 comentários:

  1. Omã faz fronteira com a Arabia Saudita, e o Iemen. Capital: Mascate ok hahahaha

    Soltar os presos foi um absurdo, assim como cortar a internet e a televisão, é muito autoritarismo. Ana, voce acredita bem mais em acordos... nesse caso tambem?

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  2. Se Mubarak escutasse o povo nada disso teria acontecido.

    Creio que as manifestações nesse caso são mais que necessárias!

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  3. Exatamente, existem situações e situações. No caso do Egito, a luta é por uma causa que é de todo o povo, mesmo os pró-Mubarak não sabendo ou não querendo entender, será benéfico para todos. Então é mais que necessária, mesmo!

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  4. Então existe prazo de validade para a ação?

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  5. Não te faxxx, rapaxxx.
    eu deixo a bola quicando e chutas na trave?! Assim não dá, assim não pode... hehe

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  6. hahaha, só disse que agiram tarde, 30 anos não é pouca coisa. Mas é como disse a Dani, antes tarde do que nunca.

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  7. haishaihsaihsiahsiahsa

    Vou aproveitar o intervalo, antes de comentar seriamente o tema, pra reforçar o que vcs já sabem: vcs são demais! Por mais que o Eron pense que é muito pouco o que vcs fazem agora - e o fato de ele pensar isso, torna mais fo... incrível ainda - mas estar na adolescência e pensar da forma como vcs pensam e ter com o mundo o comprometimento que vcs já têm, é demais! Me sinto muito orgulhoso por estar vivendo esse momento de vcs e por estar conhecendo vcs! Vcs são a personificação de tudo aquilo que eu acredito na educação.
    Sinto muito carinho por vcs! E espero não atrapalhar muito esse caminho brilhante que vcs vem trilhando.
    Digo tudo isso pq estamos planejando aulas e enquanto lia os temas, ficava imaginando o que isso geraria em sala de aula. Pensava nas perguntas, nas ideias que surgiriam, nos textos que sairiam das cabeças privilegiadas de vcs.
    Vocês são lindos (ética, social e intelectualmente falando, tá? queridos preconceituosos...hehe)

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