domingo, 21 de novembro de 2010
Outros Sonhos
Sonhei que a neve fervia
Sonhei que ela corava
Quando me via
Sonhei que ao meio-dia
Havia intenso luar
E o povo se embevecia
Se empetecava João
Se emperiquitava Maria
Doentes do coração
Dançavam na enfermaria
E a beleza não fenecia
Belo e sereno era o som
Que lá no morro se ouvia
Eu sei que o sonho era bom
Porque ela sorria
Até quando chovia
Guris inertes no chão
Falavam de astronomia
E me jurava o diabo
Que Deus existia
De mão em mão o ladrão
Relógios distribuía
E a polícia já não batia
De noite raiava o sol
Que todo mundo aplaudia
Maconha só se comprava
Na tabacaria
Drogas na drogaria
Um passarinho espanhol
Cantava esta melodia
E com sotaque esta letra
De sua autoria
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
E por sonhar o impossível, ai
Sonhei que tu me querias
Soñé que el fuego heló
Soñé que la nieve ardía
Y por soñar lo imposible, ay, ay
Soñé que tú me querías
Chico Buarque
Os versos "Maconha só se comprava/ Na tabacaria / Drogas na drogaria" da canção Outros Sonhos (2006), entendidos como uma critica à ineficiência da politica de combate às drogas, gerou polêmica. Sem fugir do assunto, ele (Chico) diz à CartaCapital de 10-5-2006:
Acho tão inócuo culpar o consumidor ou pedir que ele se abstenha de consumir droga quanto o papa ou o Bush proporem a abstinência sexual como única alternativa para se prevenir contra a aids. A repressão policial também não produz resultados. É uma questão complicadíssima. Como é que se vai legalizar o comercio de drogas? Isso está sendo discutido em muitos outros lugares. No México, na Holanda... E aqui eu não vejo isso ser discutido. O problema não é levado a sério. Eu também não gosto de ficar pontificando. Não quero que a minha canção seja um hino, uma bandeira em defesa das drogas. Mas, de fato, eu acredito que é melhor legalizar as drogas. Traz menos danos à sociedade do que o tráfico. A tentativa de responsabilizar o consumidor é ingênua, mais ingênua que o sonho descrito na canção, que fala de maconha na tabacaria e das drogas na drogaria.
(Retirado do livro "Histórias de Canções Chico Buarque" de Wagner Homem)
Então, vamos satisfazer o Chico e discutir sobre a legalização, ou não, das drogas.
domingo, 14 de novembro de 2010
Artista da Semana
Artista da semana: Planet Hemp
A democracia no Brasil
Existe uma grande discussão sobre o voto obrigatório e inúmeras opiniões sobre o assunto. Uns apóiam com o argumento da imaturidade do país e a sua falta de consciência para votar, o que sem dúvida pode ser levado em conta, pois o voto no Brasil pode se considerar banalizado desde seus primórdios até hoje. Outros discordam defendendo o voto facultativo com os argumentos de que o voto é um direito e não um dever e é adotado por todos os países desenvolvidos e de tradição democrática, o que também é de grande valia poder escolher se quer ou não exercer seu direito. Mas será que o país tem uma “tradição democrática”?
Não, o Brasil não possui uma vasta tradição democrática tendo em mente que vivemos em uma democracia plena e temos uma constituição branda, há apenas vinte e dois anos. A história da democracia no Brasil é conturbada e difícil, podemos afirmar que o povo brasileiro não teve o incentivo democrático necessário, sendo o voto para homens que pudessem pagar por ele e para empregados levados como bodes ás urnas para votar de acordo com que era melhor para o seu patrão.
Outra barreira que potencializou esta “ausência de democracia” na sociedade foi a censura. Nosso país viveu duas ditaduras sendo a segunda de 1964 a 1985 a pior e mais longa delas, o militarismo impediu homens e mulheres (que já votavam) de exercerem não só o direito de voto, mas o de expressão uma das formas mais importantes de vivenciar democracia. Devemos ter vergonha da censura e orgulho de quem lutou contra ela, lutaram durante todo tempo e foram persistentes até conseguir uma redemocratização.
Mas será que na “calmaria” o povo esquece a tormenta? O país voltou a ser “democrático do jeito”, ganhou novos governantes, os três poderes foram fortalecidos garantindo o cumprimento da nossa atual constituição e a garantia dos direitos individuais. A urna eletrônica tornou o nosso sistema de votação o mais moderno do mundo. No entanto ainda carecemos de consciência política.
Esperamos que as soluções governamentais nos salvem, e resolvam todos os nossos problemas, mas isso não resolve tudo, cada um deve fazer a sua parte dentro de uma democracia.
E para quem pensa que democracia é apenas o voto se engana, sem dúvida, o seu voto é fundamental para a mudança, afinal você está escolhendo alguém para lhe representar, porém o voto é só a iniciação do processo de mudança. A democracia está em pequenos atos que na verdade são grandes, do seu dia a dia mesmo.
Ao discutir com o seu colega sobre um determinado assunto, onde as visões são diferentes vocês estão sim exercendo democracia, quando você busca saber o que estão fazendo por você na sua cidade, também. Ao exigir os seus direitos garantidos por lei e cumprindo os seus deveres sem pensar se o resto da sociedade está agindo assim também, certamente o todo social estará mudando, pois a sociedade só muda quando o individuo que vive nela muda.
Danielle Santos Dornelles
sábado, 13 de novembro de 2010
Votar ou não votar? Eis a questão.
O Brasil é um país democrático na teoria, mas na prática as coisas não funcionam muito bem. Uma prova disso é o voto obrigatório.
O voto obrigatório é uma máscara democrática, fazendo parecer que a democracia flui corretamente, fazendo parecer que somos totalmente democráticos. Na verdade a maioria das pessoas vota apenas pela obrigação mesmo, sem ter ao menos conhecimento dos candidatos e do ato de cidadania que está praticando.
Por sua vez, o voto facultativo acarretaria na perda de muitos votos, por isso não convém aos políticos brasileiros, pois a partir do momento em que o voto é mais conscientizado, boa parte dos políticos correria, sério risco de não se reelegerem.
Sendo, assim, para chegarmos mais perto de uma democracia exemplar, tanto com o voto obrigatório ou com o facultativo é necessário motivar os eleitores e conscientizá-los de que nosso futuro está em nossas mãos.
Por Eron Nascimento
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
A Politica Estética.
Se há no homem uma necessidade de se unir a grupos onde se tenha a mesma ideologia ou apenas que haja uma natural ligação de aparências, por que seria diferente com a política? E se esta se faz diferente qual o motivo deste? O que quero dizer é enquanto seres pensantes cabe-nos tomar decisões e enquanto seres sociáveis cabe a nós concluir o que melhor for definido.
No ano 1989 cerca de 86% da população possui televisão. E sendo esta o meio mais amplo de comunicação e transferência de informação tem lá a sua participação. As eleições passaram logo a se apoderar desse meio. Cabe destacar no mesmo ano a incrível batalha de argumentos entre Collor e Lula na qual aquele saiu vencedor. Ou seja, grande parte da população teve o privilegio, ou não, de assisti-lo. Sem querer apontar o dedo e sendo o menos idiossincrático possível, acredito que tenha acontecido uma influencia de poderes pela mídia, o que ficou altamente claro e nítido, mesmo sendo eu, alguém ausente ao fato.
Sendo o nosso sistema lépido, parece-nos ágil e produtivo, mas justamente por ser lépido, deixa a apreensão de se somos ou não, capazes de tê-lo sobre controle. Há na mídia o direito de liberdade, mas para poder ter acesso a ela necessita de que tenha dinheiro, ou seja, temos uma liberdade de expressão censitária. O que ainda mais transforma a política numa forma de encaixotar ideias para a venda... Acaba que o povo não tem direito de divulgar resposta.
Mas voltando á influencia da mídia, é impossível que essa se torne imparcial, e fique em cima do muro, até por que os agentes midiáticos possuem suas próprias visões e opiniões. Bom seria se esta ou aquela opinião tivesse um alicerce em cada imprensa, formaria algo mais democrático. Porem isso é totalmente absurdo, se vermos que a nossa liberdade é censitária, e essa ou aquela opinião “menor” será esmagada, sem nenhuma igualdade. Viso de exemplo, os debates, onde uma emissora divulga a discussão, tornando o acesso das outras invalido, se tornando parcial... Não seria a solução que o fosse dever do estado promover discussões eleitorais de acesso para todas as emissoras? Não. Até porque o governo não é parcial.
Sendo de minha responsabilidade falar da propaganda, falarei.
Não vejo nesse sistema democrático, raiz suficiente para se estabelecer uma população capaz e diretora da própria opinião. Acaba que sendo dominada de influencias estéticas, se vendem as melhores propagandas, e não os melhores produtos. Claro, cada produto é melhor na visão de cada um, mas se não se tem uma propaganda, acaba se parecendo algo de má qualidade, mesmo nunca sendo testado. Ou seja, é inevitável que haja propagandas. E isso não é valoroso. Solução, não acho, alias, ainda não sei o problema. O problema não esta na propaganda e sim, na falta de igualdade dentre as influencias dos grupos. Enquanto não houver uma conscientização política, ética e social, que atraia o povo de seu poder político, e ao governo, enquanto os eleitores forem apenas eleitores, e somente durante as eleições se fizerem cidadãos, não há como a sociedade ser livre, fraterna e igualitária.
Ao passo que a democracia amadurece, o governo se modifica, aquilo que posso citar da mídia, que vem sendo útil (Seja ou não, outra forma de marketing), são as campanhas governamentais.
Victor Anselmo Costa
domingo, 7 de novembro de 2010
Artista da Semana
Artista da semana: Jorge Ben Jor
Pense, logo exista
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Ser ou não ser Deus, eis a questão. A religião ajuda?
-Não
-Você é hinduista?
-Não
-Você é Judia?
-Não
-Você é muçulmana?
-Não
-Você é macumbeira?você é budista? você é ateísta?
-Não, não e hum, as vezes...
- Você ta mais pra monoteísta ou politeísta?
- Politeísta, não há unilateralismo no universo...
- Mas, você tem alguma ideia, do quer ser ou não o ser, superior?
- superior... não sei se há um "ser", provavelmente se trata de uma força se é que existe...
- Sei, estilo cosmos...
- Exacto, ou não
-Mas então, eu acredito, que cada um é Deus de seu próprio mundo, mas não o é... ou seja, existe um Deus em cada pessoa, mas essa pessoa, não tem controle sobre ele, ele é que domina tudo a sua volta, aquilo que seja ruim, ou aquilo que seja bom, mas visando o que vem do individuo que possui o Deus... - Simplificando : cada pessoa governa o seu mundo, mas não tem controle sobre ele.
-Concordo, cada um tem suas escolhas que algumas controlam a vida, mas não totalmente, até porque, se cada um é Deus de sua própria vida, e as vidas se inter-relacionam, não há maneira de influenciar no "Destino" do outro.
- Exacto, cada pessoa vê o mundo da forma que lhe parece real, e busca essa realidade, mesmo que para isso aconteça as coisas "ruins". E como a vida é perfeita, mesmo que não a entendemos, acaba que as vidas se entrelaçam sem se destruírem.
- Mas acho que tem uma força muito louca mesmo mano que governa essa bagaça... Governa não, apenas, influencia nas coisas.
- Hahahaha, mas então, acho que sou Antopocentrista...
- 2
-Então Ana, vamos fazer uma religião?Que só tem um mandamento: "nunca terás uma concepção de verdade, nem ser-te-á de alguma entidade religiosa"
- Kkkkk, não né... sou a favor da liberdade religiosa...
- Pois então: "...nem ser-te-á de alguma entidade religiosa", ou seja, seriamos uma religião onde não se pode ter seguidores.
-kkkkkkkk
- Eu sou totalmente contra a existência de religiões... cada um tem o direito-dever de buscar a sua própria verdade maior
- Acho que as religiões dão ás pessoas caminhos pra seguir, você pode ser católico e não concordar.
- Sim, mas, a religião é apenas uma forma de organizar, péssima, mas não se tem outra maneira melhor.
- É que nem todo mundo QUER ter suas próprias concepções, e essas pessoas devem ser respeitadas. acho que religiões são válidas, até o momento em que prejudicam a vida de alguém.
-Mas como assim, não quer ter? Se ela adere a uma religião, ela quer alguma visão. É interessante que exista religiões, para que haja diferença de ideias
- Mas não a própria
- Se trata muito de comodismo
- Não sei se é comodismo...acho que é mais uma forma de tirar um item da "lista de preocupações do cotidiano". A religião SERVE pra consolar as pessoas, para que elas se apoiem e não fraquejem.
- Eu entendi e concordo, mas ainda não é o ideal, infelizmente.
- É. Mas o ideal não existe felizmente. Se não, nós nem estaríamos discutindo isso agora.
- Não me refiro ao Deus ideal, mas a busca por ele. O ideal pra isso seria bom...
- Hum, seria. Sim, sim tens razão.
-As vezes, digo, em quase 90% das vezes não dá pra discutir religião com alguém que TENHA uma religião... o fundamentalismo...
- Sim! Isso é um problema...
Ana Terra de Leon - Letras Acinzentadas
Victor Anselmo - Letras Azuladas